O meu pai costumava dizer-me que, se queria ajudar e não incomodar, devia sentar-me numa cadeira. Sempre achei este comentário um pouco ofensivo, mas como sou muito obediente, fazia o que ele me mandava. Agora olho em volta, lembro-me do meu pai, e acabo por me sentar num banco com cerca de 30 cm de altura que está escondido a um canto, abandonado. Sinto-me ridícula, sentada ali, quase ao nível do chão, mas este é o único lugar de toda a sala de bloco em que tenho a certeza de não incomodar ninguém. O cirurgião passa e sacode as mãos molhadas para cima de mim. Fico com a cara com gotas de água e restos de betatine. Crianças a brincar aos médicos, penso. Uma enfermeira pára, então, à minha frente e diz Não pode sair daí? Não vê que está a incomodar?! O meu plano falhou. Saio da sala e vou tomar um café. Odeio este estágio.
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