27 agosto 2013

Estou tão cansada que não é justo a semana nem ir a meio. Os pensamentos, típicos de pensamentos cansados, rodopiam incessantemente e não me deixam dormir. Quero adormecer agora, sem demora, e apagar uma lembrança antiga que periodicamente me vem visitar com uma insistência dolorosa. Hoje é um desses dias, é uma dessas noites, em que a mãe do PM, ao sentir o filho morto, repetidamente me diz Oh, doutora, e agora como vou eu protegê-lo do frio? Ele sempre teve tanto frio...
Aprendemos com os pais a sentar à mesa, a dizer por favor, a atar os sapatos. Aprendemos com eles a fazer os trabalhos de casa, a ler, a explorar o mundo da música e do cinema. Aprendemos com os pais um milhão de coisas e, no meu caso, aprendi também a dizer cRRoissants em vez de croissants e cÔmigo em vez de comigo. Sempre foi tal a minha falta de insight e/ou de ouvido, que demorei anos a perceber a diferença entre o que eu dizia e o que todos os outros diziam. E o que eu dizia, ao que parece, era, aos ouvidos dos outros, hilariante. No outro dia lembrei-me de comentar este assunto com a minha mãe e a minha irmã que me perguntaram intrigadas: mas qual era o problema? os teus colegas não gostavam de cRRoissants?

20 agosto 2013

Todos nós temos aquele colega que é indiscutivelmente gay e que, por algum motivo, se mantém casado ou com namorada. Todos nós nos apercebemos dos seus maneirismos, do seu gosto elegante, da sua alegria contagiante e do seu número invulgar de amigas íntimas que tão bem caracterizam alguns homossexuais. Todos à excepção, claro está, do próprio, bem como de uma pequena percentagem de colegas que classifica a pessoa em causa como 'benzoca' sic. Sempre me espantou a falta de insight destas pessoas. Mas a verdade é que eu própria sofri de falta de insight durante muitos anos, começando pela triste história do croissant.

12 agosto 2013

Suspeito que uma das cruzes do P. no nosso casamento vão ser estas aulas de ténis. (A minha cruz vai ser ouvi-lo a cantar e/ou assobiar faça chuva ou faça sol, mas penso que sobre isso já falei anteriormente.) Quando uma das minhas maiores motivações para jogar ténis é poder finalmente usar a saia plissada e curta que tenho guardada há anos no armário, ja se vê o potencial que estas aulas têm para levar ao desespero o P. do outro lado do court. A somar a isso vem o facto de já estar naquela idade com a qual se aprende a jogar com o menor estilo possível. Ele a jogar, a ensinar a jogar e mesmo a revirar os olhos é sexy. Para além disso as noites de Verão convidam a sair de casa de saia plissada e curta, mas receio que se insistir muito com estas aulas ele ainda saia de casa. Na igreja prometeu amar-me na saúde e na doença, mas não no campo de ténis. É pena... porque eu divirto-me imenso!!

03 agosto 2013

Conhecendo (obsessivamente!) Kieslowski...

La Double Vie de Veronique, de Krzysztof Kieslowski (1991). Tudo é belo neste filme. A história é deliciosa, as cores lindas, a música arrebatadora e a personagem principal, interpretada por Irene Jacob (também protagonista do Trois Couleurs: Rouge de 1994), é simplesmente adorável.