28 julho 2010

A minha relação de amor-ódio com a corrida

Apesar de correr devagar e só meia hora, quando acabo, estou a suar em bica. Nos primeiros minutos depois de ter corrido, nunca me lembro porque é que o fiz e sinto-me de tal maneira a morrer que questiono se alguma vez o farei de novo. Por entre a minha respiração ofegante, vou bebendo uma garrafa inteira de água. Litro e meio. Vai ser uma bela noite, a ir à casa-de-banho de 5 em 5 minutos. Tenho de começar a correr de manhã. Penso em ir tomar banho, mas bebi tanta água e a uma velocidade tão grande, que sinto-me mal disposta e desisto do banho. Acabo por decidir deitar-me no meio do chão e logo se cria uma poça de água debaixo de mim. E fico ali, eu e a minha poça, deitadas à espera de nada. Mais tarde tomarei banho, porei os meus cremes, deitar-me-ei bem cheirosa no sofá a ver um filme e depois irei para a cama, com o Frank McCourt e as suas aventuras do outro lado do oceano. Sentir-me-ei a pessoa mais feliz do mundo e pensarei que ainda bem que corri e que as endorfinas são, de certeza, a melhor droga desde sempre.

25 julho 2010

Tens de perceber porque é que continuas a ir ter com ele, perceber o que te faz sentir mal e pôr ambas as partes a falarem uma com a outra. Agora estás demasiado ansiosa e confusa. Vai à praia, relaxa, mas à noite vais ter de ter uma conversa contigo mesma. Este é o P., o meu amigo mais analítico. É capaz de decompôr qualquer problema nas suas partes infinitesimais e analisá-lo. Mas eu sei que não consigo fazer isso. Já fui à praia, já relaxei e as duas vozes na minha cabeça continuam a não falar uma com a outra. Nem sequer as consigo distinguir no meio da confusão que por aqui vai. A minha mente é um turbilhão de sentimentos, valores herdados pela minha família, sociedade e religião, vivências passadas e os estranhos acontecimentos dos últimos dois meses. Sei que há uma forma muito fácil de resolver esta questão. Posso pôr, simplesmente, tudo na prateleira de cima, aquela onde nunca ninguém vai, e ir à minha vida. Gosto de me perceber melhor do que isso. Mas, como sempre, olho para mim e só vejo caos. E é aí, no rescaldo de toda esta confusão, que acabo por abrir a porta e, tal como tu fizeste, relaxo e deixo entrar a ternura.

17 julho 2010

Ele cheira ao perfume que eu tenho vindo a conhecer tão bem nos últimos anos e que me sabe a noite, cigarros, álcool, sexo e praia. O encontro, desta vez, é acidental, algures entre o lounge e o incógnito, na rua inclinada da bica. Mas o início da conversa, esse é sempre igual, já parece ensaiado e eu, pessoalmente, acho-o aborrecido e encontro nessas primeiras palavras que trocamos de cada vez que nos vemos, a chave para nunca ter resultado entre nós: ELE: Estás feliz? EU: Sim. ELE: Estás mesmo? EU: Sim, estou. ELE: De certeza? EU: Estou mesmo feliz. ELE: ... EU: ... ELE: Mesmo? EU: Mesmo. ELE: ... EU: ... ELE: ... EU: ... Sorrisos compassivos de parte a parte até que eu, enjoada com o diálogo à Paulo Coelho, acabo por acrescentar de forma peremptória, de quem não está disposta a trocar nem mais uma palavra sobre esse assunto ou sobre qualquer outro (a conversa nunca foi o nosso forte...). Estou mesmo feliz. Como nunca me senti antes. Estou mesmo bem. Enfantizo os mesmos e o nunca. Geralmente faço isso. São os meus pontos finais a uma conversa que me põe doente e que, por ele, sei eu tão bem, não terminará tão cedo.
Já passámos tantas vezes por isto. Consigo ver a discorrer à minha frente o resto da noite, que, como sempre, e apesar da química entre os nossos corpos, nunca tem um final feliz. Só que desta vez é diferente. Desta vez o filme pára a meio. Porque quando acabo de dizer aquilo tudo da boca para fora, reparo que, desta vez, não menti. Que estou bem, que me sinto mesmo bem. Com ênfase no mesmo. Por isso esta noite páro de beber umas cervejas mais cedo e venho para casa sozinha, a cantar Madame Godard, sentido-me verdadeiramente feliz. Mesmo. :)

15 julho 2010

De cada vez que visito os meus pais, venho para casa assim:
:) ...

05 julho 2010

Será que o nível de carência afectiva se pode medir pelo nível de desejo por chocolate?...

04 julho 2010

As minhas pantufas são sapatinhos pretos de sola, velhinhos mas fashions, da Zara Home. A casa está vazia e os meus passos (os sapatinhos a baterem na madeira, plat, plat, plat...) fazem-me companhia. Sinto-me como a Bjork no Dancer in the Dark, mas como menor talento musical, por isso o barulho dos meus passos, é mesmo só o barulho dos meus passos. Plat, plat, plat. Ando pela casa e fazem-me companhia. Plat, plat, plat.
A seguir ao romances mais frustrantes da história do cinema (como se eu conhecesse a história do cinema), que marcaram de forma incondicional a minha pré-adolescência e em cuja moral da história eu devia ter continuado a acreditar, portanto os romances entre a Scarlet O'Hara e o Rhett Butler e o Salvatore Di Vita e a Elena Mendola, o romance que mais me comoveu era um que, não obstante a excentricidade das suas personagens, de facto, resultava. Este foi o romance entre Sam and Joon no filme Benny and Joon, e porque já era adolescente nesta altura, este foi o estranho modelo que me viria a influenciar nas minhas relações futuras: pessoas esquisitas, situações cómicas, muito carinho e atracção física. Já se passaram 17 anos desde que vi este filme a primeira vez e hoje, quando ao fazer zapping na tv dei de caras com esta história deliciosa, não pude deixar de pensar que, se pudesse escolher, era exactamente assim que eu queria um romance para mim. Se ficava com o papel do Charlot extravagante ou com o papel da doente mental, não sei bem dizer, penso que encaixo bem em ambos. Em todo o caso, acho o resultado do amor entre estes dois simplesmente magnífico.