29 abril 2011

Já alguma vez fantasiaram com o vosso professor de ténis? Adivinhem quem é o meu professor de ténis? Exactamente, ao meu lado aqui na cama, mais sexy do que o próprio Chardy :)

28 abril 2011

Road to Nowhere, de Monte Hellman (2010). Gostei, sobretudo do ambiente. Quem vive apaixonado e apaixonado por cinema, não pode deixar de gostar deste filme. Continuo a achar que alguns pormenores não batem certo, mas isso também não é o mais importante e até pode servir para aumentar a confusão e ofuscar os limites entre o cinema e a realidade. De resto, surgiu em mim de novo a vontade de iniciar um ciclo de cinema dentro do cinema. Como já vi O Sétimo Selo (Ingmar Bergman, 1957), fica por ver The Lady Eve (Preston Sturges, 1941), El espíritu de la Colmena (Víctor Erice, 1973) e um que ainda tenho de identificar. Apesar de o filme estar cheio de referências a outros filmes, estes são os que eles vêem em conjunto na cama e por isso foram os eleitos para a próxima sexta-feira à noite.
O Álbum de Família, no Teatro Aberto. Não gostei muito, sobretudo por culpa da mãe que passa o tempo todo de olhos arregalados e com o olhar fixo, que mais parece ser cega e aquilo dos adultos fingirem ser crianças também é ligeiramente irritante. Mas gostei muito da avó e do pai. O tema é interessante e forte, e estou convencida que, com um pouco mais de esforço, tinha certamente dado uma peça aliciante.
Entrou na sala de aula, tirou a mochila dos ombros e disse: A partir deste momento, já não gosto de Guns. A partir deste momento gosto dos The Doors. Eu ri-me, claro, e desdenhei. Ah, sim, e o que vais fazer com a tua camisa de xadrez vermelha? Mas no fundo senti orgulho. O novo estilo ficava-lhe bem. E nesse dia vim para casa conhecer esta música.
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No dentista

Continuo a achar que deviam dar o prémio Nobel a quem inventou a lidocaína... E, se calhar, até, sei lá... beatificá-lo(a).

19 abril 2011

O quarto maior na casa da quinta dos meus avós nunca era utilizado, excepto pelas criadas que semanalmente limpavam meticulosamente os sofás, as estantes, os troféus do meu tio, as pratas, abriam as janelas e arejavam a sala, só para nessa própria manhã voltarem a fechar as portadas e cobrirem tudo com uns lençóis brancos que sempre me apavoraram. Durante anos esperou-se o dia em que viria alguém suficientemente importante para se poder usar a sala, durante anos o quarto foi limpo semanalmente e durante anos o Natal foi passado com a família acotovelada no quarto mais pequeno da casa, o quarto que tinha os sofás cremes baratos, comprados em Espanha, a braseira, a televisão e o tapete no canto roído pelo cão. Durante anos esperou-se, mas nunca ninguém apareceu com essa importância lá por casa e no dia em que veio o bispo, ficou-se pela capela, atrasado que estava para um casamento nas Caldas. Isto tudo até ao meu primo fazer 15 anos, dar o grito do Ipiranga, arrastar um colchão bem para o centro dos móveis, dos sofás, dos troféus e das pratas e dizer: Recuso-me a continuar a dormir com as minhas primas.
Toda a gente sabe que a função mais importante dos pés não é carregar com o corpo o dia todo. É resolver as discussões à noite na cama.

09 abril 2011

Tenho tanto potencial. Seria uma pessoa tão interessante, se não passasse a vida a dormir...
El último verano de la Boyita, de Julia Solomonoff (2009). Foi vencedor do Queer Lisboa de 2010. Eu achei lindo e adorei. E não chorei :)

E por isso hoje fomos à piscina

A minha sobrinha veio cá passar a noite. Estamos já as duas na caminha, eu na minha e ela na dela, que agora já não cabe na tenda, quando eu lhe pergunto: Então e a natação, correu bem? ELA: Sim. EU: Foste com a mamã? ELA: Sim. EU: E estavam lá outros meninos? ELA: Sim. EU: E as outras mamãs também vão com os outros meninos? ELA: Sim. Mas sabes uma coisa? Também vão tias.

Em altura de crise...

... a Sofia baixa drasticamente a sua produtividade durante três meses para estudar. Vou propor ao FMI o corte do meu exame.

Tentativa falhada

Na falta de colegas com quem falar sobre temas interessantes, tenta-se falar com os doentes. EU: Nina, sabes que havia uma menina com o teu nome e que cantava muito bem? ELA: Não. EU: E tu, gostas de cantar? ELA: Não.

No carro com o meu melhor amigo

ELE: Meu Deus, que stress... EU: Mas, então, porquê? Ele não voltou a ligar? ELE: Não, a tua condução mesmo.

Hoje tive um pesadelo horrível

Sonhei que o gato tinha voltado.

06 abril 2011

E depois foi assim...

No barco sem ninguém, anónimo e vazio, ficámos nós os dois, parados, de mão dada... Como podem só dois governar um navio? Melhor é desistir e não fazermos nada! Sem um gesto sequer, de súbito esculpidos, tornamo-nos reais, e de madeira, à proa... Que figuras de lenda! Olhos vagos, perdidos... Por entre nossas mãos, o verde mar se escoa... Aparentes senhores de um barco abandonado, nós olhamos, sem ver, a longínqua miragem... Aonde iremos ter? — Com frutos e pecado, se justifica, enflora, a secreta viagem! Agora sei que és tu quem me fora indicada. O resto passa, passa... alheio aos meus sentidos. — Desfeitos num rochedo ou salvos na enseada, a eternidade é nossa, em madeira esculpidos!
David Mourão-Ferreira, A Secreta Viagem

04 abril 2011

Well, here's your lucky day

Aos 26 anos perdi-me. Aos 31 encontrei-me. Demorei cinco anos para chegar a casa. Mas valeu a pena :)
Quando a criança era criança, não suportava a frustração. Agora não suporta a frustração, mas tem de o fazer à mesma e ninguém a consola nem lhe dá os parabéns por isso.

02 abril 2011

O terceiro motivo pelo qual o filme Camino me comoveu foi porque me fez lembrar da primeira vez que estive apaixonada. Comoveu-me especialmente a história do cabelo, porque me lembro de ele comentar que o meu cabelo estava bonito e de isso me ter feito feliz durante semanas. Que interessava que ele fosse tendo namoradas e que eu nunca fosse uma delas, se uma vez ele perguntou por mim quando fiquei doente? E mesmo que ele um dia não me falasse e isso me deixasse triste, nessa noite em casa, os meus pais e a minha irmã faziam com que ficasse tudo bem. Este conceito de casa transmitia-me uma segurança que eu não voltei a sentir em lado nenhum, nem mesmo agora em casa dos meus pais. Depois à noite sonhava com ele. Se alguma vez me tivesse pedido em namoro, nem tinha sabido o que fazer com isso. Não obstante, toda eu transbordava de uma felicidade que até então desconhecera. Esperei uma carta que nunca veio e alimentei secretamente expectativas e sonhos que na verdade não precisava de concretizar. Eu, o pensamento dele e as nossas brincadeiras no recreio eram o suficiente para me sentir a pessoa mais feliz do mundo.

01 abril 2011

Camino, de Javier Fesser (2008). À beira de fazer 31 anos, este filme atingiu-me como uma bomba. Isto por vários motivos. O primeiro e óbvio é porque incide sobre uma história horrível e algo que eu vejo com infeliz frequência no meu dia-a-dia. Todavia, nenhuma das crianças que eu vejo morrer vai alguma ver estar em processo de beatificação, o que mostra que, até para se ser santo, é preciso ter sorte. Mas todos sofrem por igual e, com ou sem fé, a maior parte porta-se de forma assustadoramente corajosa. Nunca tive relação nenhuma com a Opus Dei, uma filha de um vizinho que desapareceu aos 18 anos, os pais a chorarem pelo prédio, no elevador, nas escadas, mas foi só. Nem posso dizer que os meus pais sejam uns crentes veementes. A minha mãe andou num colégio interno de freiras dos 7 aos 17, em que a casa só ia nas férias, eram as freiras a vasculhar as gavetas e ela a tentar esconder o diário, um pequeno molho de folhas só isso, sempre sem sucesso, mais uma vez os erros rasurados, os sonhos criticados e depois chegar a casa e o irmão a dizer para porem a toalha especial na mesa, porque tinham visitas. Já se vê que o amor da minha mãe pela Igreja nunca podia ter ido longe. O meu pai, apesar da grande fé que tem, sem o saber ou sem o admitir, é demasiado intelectual para se conseguir encaixar todos os domingos num banco de uma igreja a ouvir passivamente um padre que sabe menos do que ele. Por isso, durante toda a minha infância e adolescência, ter fé e ser praticante era uma coisa muito minha e muito característica do mundo fantasioso em que vivi até inexplicavelmente tarde. A verdade é que, abandonada a fé, fiquei com dificuldade em encaixar o sofrimento. Não o sofrimento relacionado com a não satisfação dos degraus da base da pirâmide de Maslow, mas aquele sofrimento banal ligado ao topo da pirâmide e que vem em menor ou maior quantidade conforme os dias, as semanas ou os anos. O que me leva ao segundo motivo pelo qual a história me tocou. No filme a mãe diz-lhe qualquer coisa deste género: esta é pelos bebés não baptizados e esta pelos pecadores. A nós faz-nos impressão este sofrimento comido à colher, as pedras no sapato, mas a verdade é que a Igreja, mais do que à morte, veio dar um significado ao sofrimento, que, com ou sem Igreja, com ou sem Opus Dei, com ou sem fome, com ou sem pedras no sapato, é sempre inevitável.

Olhem quem chegou na caixa de correio hoje!

Aqui fica um agradecimento público ao meu melhor amigo por há alguns anos me ter apresentado o músico e ao meu namorado por me ter aturado a cantar isto dia e noite nos últimos 10 dias. Podemos agora finalmente ouvir o original. Em modo repeat :)
The Kids Are All Right, de Lisa Cholodenko (2010). Gosto destes actores todos, mas não gostei do filme. Achei-o aborrecido.
Shi, de Lee Chang-dong (2010). Filme sul coreano sobre alguém que procura a beleza nas coisas em busca de um poema e acaba por encontrar apenas sofrimento, daí resultando a poesia mais bonita de todas. Não há dúvida que é um filme asiático, em que várias situações são culturalmente tão diferentes da nossa realidade que fica difícil de digerir. Gostei.
The Fighter, de David Russel (2010). Este é um tema do qual nunca me canso: o boxing... Todavia, o filme fala também de relações familiares. Quem mais adoramos, odiamos e aturamos neste mundo e que sempre, mas sempre, estão cá para nos aturar, odiar e amar a nós. Adicionalmente, não deixa de surpreender o Christian Bale ser capaz de fazer tudo no écran. Suponho que já podíamos ter desconfiado disso a partir do momento em que criaram uma categoria só para ele nos óscares, na altura do Empire of the Sun do Spielberg (1987). Para quem não o viu nessa altura, como o miúdo mais espectacular da história do cinema americano que foi (apesar de ele próprio ser do País de Gales), também pode ter reparado nele mais tarde. Desde o American Psycho ao Batman, passando pelo Little Women, nada pára este homem. É sempre um prazer reencontrá-lo no éran. Muito bom.
True Grit, dos irmãos Coen (2010). Há já um tempo que andava desiludida com estes dois, mas desta vez gostei. A miúda está demais. Mana, quando tiveres tempo, entre biberons e fraldas, diz-me se ela não te faz lembrar a actriz da série Anne of Green Gables :) Mais uma vez, fica por ver o original de 1969 de Henry Hathaway, com o John Wayne, que o nosso avô viu de certeza absoluta.
Potiche, último filme de François Ozon (2010). Gostei muito. Fez-me lembrar o 8 Femmes :)

Ultrapassar as 2.000 rotações?!

Como se isso fosse possível na minha vida...