Marguerite Duras - La Douleur. As páginas que a autora encontrou por acaso, como diz num pequeno prefácio do próprio livro, e que não se lembrava de ter escrito. "... uma fenomenal desordem do pensamento e do sentimento, em que não ousei tocar - e face a ela, a literatura envergonha-me.", nas palavras dela. O livro fala sobre o dia-a-dia de uma mulher que espera o marido, no pós-guerra imediato, sem saber se este se encontra vivo ou morto. Outros pequenos contos, fictícios ou não, seguem-se a essa primeira história. Fortíssimo. E, sobretudo, palpável. Como se estivéssemos lá a viver como personagens dos contos. Já tinha tido um sentimento semelhante quando li O Amante.
J.D. Salinger - Franny and Zooey. Um estilo inconfundível (digo eu que só li dois livros dele... este e o The Catcher in the Rye). Muito directo, seco, irónico, com um sentido de humor brilhante, sem lamechices, mas fazendo chorar as pedras da calçada. Neste livro a relação entre os vários membros da família, sobretudo sob o ponto de vista de dois deles, as suas dúvidas espirituais e as relações tipicamente disfuncionais que qualquer família tem e que esta tem de forma ao mesmo tempo dramática e cómica.
Fernando Pessoa na pele de Bernardo Soares - O Livro do Desassossego. O meu livro de cabeceira. Já o li e reli milhões de vezes e identifico-me com quase tudo o que diz e passo a vida a descobrir passagens novas. Para além do mais, é muito lisboeta. Cada vez que leio ou releio mais umas páginas, e salvaguardadas as devidas distâncias entre um tipo genial e... eu, chego sempre à mesma conclusão: é bom saber que não vou ser a única neurótica que esta cidade viu nascer, crescer e morrer.
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