15 setembro 2013

Uma prática comum em Portugal é classificar as pessoas em boas e más e, ainda, numa terceira categoria, que é também a minha preferida, a 'no fundo boa, mas'. Eu acho mais útil e seguro classifcar as pessoas em agradáveis e insuportáveis. O que não quer dizer que espere mais das primeiras do que das segundas. Uma pessoa insuportável não é necessariamente uma má pessoa. É só chata. Ou porque é muito rígida nos seus valores morais ou porque é desinteressante ou porque opina sobre tudo ou simplesmente porque não tem sentido de humor. Uma pessoa agradável, por sua vez, não é necessariamente uma boa pessoa nem uma pessoa melhor do que uma anterior que classificámos de insuportável, mas alguém com quem é mais fácil passar o tempo. E, infelizmente, quando trabalhamos somos obrigados a passar muito tempo com pessoas de todo o tipo, a maior parte das vezes não desenvolvendo qualquer tipo de relação profunda com ninguém. Nas pequeninas realidades que vivemos diariamente, dificilmente encontraremos alguém como o Hitler (indiscutivelmente um mau rapaz) ou como a Madre Teresa de Calcultá (aparentemente uma boa pessoa). Se calhar se trabalhássemos com eles até acharíamos que o primeiro era engraçado e a segunda uma chata, mas a História fez-nos perceber o seu lugar na classificação das pessoas boas e más. A História é sábia e paciente; também se engana e é por vezes subjectiva, reflectindo o bom e o mau segundo os valores da época, mas de forma geral pode dar-se ao luxo de atribuir juízos de valor. Nós não. As pessoas que comumente classificam os outros em bons e maus baseiam-se em informação superficial e pouco rigorosa, por isso deviam limitar-se a classificações menos arrojadas. Pará além de que, convenhamos... Nem todos nós entramos para a História. Somos demasiado normais para o fazer. E quando digo normais refiro-me a termos todos bom e mau potencial. O que me leva à classificação que eu considero mais lógica e útil para o dia-a-dia em agradáveis e insuportáveis, uma classificação tão superficial como as relações que somos forçados a manter no dia-a-dia. Os nossos amigos conhecem-nos bem, gostam das nossas qualidades e brincam com os nossos defeitos. Não se vão embora à mínima discussão. Não compram tudo o que se comenta sobre nós. Não acham que somos especialmente boas pessoas nem se consideram eles próprios um poço de virtudes. Mas gostam de nós no matter what. Todos os outros não interessam verdadeiramente.

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