15 fevereiro 2013

A minha mãe costumava dizer à minha irmã que ela havia de ter uma filha como ela. Sempre achei uma praga disparatada para se rogar a uma criança ou mesmo a uma adolescente, mas imagino agora em adulta que era simples desespero da parte da minha mãe. A minha irmã sempre foi muito reinvidicativa e também muito inteligente e fantástica a argumentar. E isto era verdade quer se tratasse de defender, por exemplo, um amigo (geralmente eu...), quer se tratasse de lutar para obter umas sabrinas. Eu, ao contrário da minha irmã, evitava o conflito e, quando acontecia haver uma discussão, o resultado era desastroso para mim, comigo a bloquear sem dizer nada e a acabar por ficar cada vez mais ansiosa até me ir embora frustrada a bater com as portas. Décadas depois, a praga da minha mãe concretizou-se, finalmente, na miúda extraordinária de palmo e meio que é a minha sobrinha mais velha. Com apenas cinco anos, tem o pé do pai, a cara da tia e o feitio e inteligência da mãe. Finalmente a minha irmã tem um adversário à altura. Coitada. Visto de fora, contudo, é delicioso.