25 setembro 2010

Se ele não tivesse aparecido com o blazer preferido dela, talvez as coisas se tivessem passado de forma diferente. Mas apareceu. Pior, por debaixo do blazer trazia a camisa branca e as jeans gastas a salientar o rabo que ela adorava. Não disse nada. Cruzou a sala, sentou-se no chão encostado ao puff, de frente para a janela e fumou um cigarro. Dias antes ela tinha-lhe pedido de volta a chave de casa e ele tinha deitado a escova de dentes fora. Tinham prometido casar em todas as igrejinhas do país, vezes sem conta e para sempre e depois, um dia, uma semana, aquela semana, as noites passadas em claro, desconfortáveis, dois estranhos. Então as chaves, a escova de dentes. E agora ele ali, com o blazer, a camisa branca e Keith Jarrett a tocar em Köln, ali tão perto.

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