15 julho 2022

Revi dois filmes do Fellini: La Dolce Vita (1960) e 8 1/2 (1963).

Mais uma vez, estes foram filmes que eu tinha visto quando estava na faculdade, em casa, sozinha, desbravando a cinemateca que os meus pais, diligentemente, ao longo de anos, haviam gravado a partir da televisão em cassetes VHS.

Por volta dos 10 anos, eu própria tinha ordenado, enumerado e registado todos esses filmes num caderno de capa vermelha e agora entretinha-me a vê-los.

                            O que será feito desse meu querido caderno de capa vermelha?

A escolha era eclética e se calhar incompleta, mas fascinante para mim e ainda hoje estou grata aos meus pais por me terem facultado estes filmes. Woody Allen, Ingmar Bergman, Carl Theodor Dreyer, Rossellini, Antonioni, Fellini, Hitchcock, filmes antigos portugueses, Godard, talvez outros filmes franceses, mas não sei porquê, não me lembro de mais. Ou não me marcaram, ou não vi. Tenho constatado, com humildade, que nem sempre me lembro dos acontecimentos como eles aconteceram, nem das coisas como elas eram.

                           Como quando me esqueci que tinha lido o Breakfast at Tifannys.

Revi estes dois filmes do Fellini e, mais uma vez, adorei vê-los, vivê-los. E, tal como já tinha acontecido com os filmes do Antonioni, tal como já tinha acontecido com o Paris Texas do Wim Wenders e tal como aconteceu mais tarde com os filmes do Almodóvar e do Nanni Moretti, sobre os quais ainda irei escrever aqui, desta vez os filmes do Fellini comoveram-me de uma maneira que teria sido impossível quando estava na faculdade. A angústia e a beleza de sermos imperfeitos, filmada de forma tão bela. Assim comovida, andei durante dias com cabeça e coração imersos nos filmes. Foi maravilhoso. 

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