27 fevereiro 2014
Recentemente visto...
La Grande Bellezza, de Paolo Sorrentino (2013). Adorei. Faz lembrar o La dolce vita do Fellini (1960), o que parece ser um problema para os críticos portugueses - o Vasco Câmara classifica o filme com uma bola e o Luís Miguel Oliveira com uma estrela e ambos parecem furiosos com o filme, como se este os tivesse ofendido pessoalmente só porque o tempo dos filmes de autor italianos dos anos 60, que se seguiram aos dos neo-realismo italiano, se tornaram intocáveis. Ora, eu sou uma grande fã desse período. Adoro o Rossellini, o Antonioni e o Fellini. Vi todos os filmes que consegui arranjar deles e gostei de todos. Mas, sinceramente, penso que há espaço no presente para mais uma vez filmar Roma e as crises de meia-idade dos seus habitantes materialistas, espaço para mais uma vez viajar por uma atmosfera onírica com animais, personagens exóticos, música e muitos excessos. Primeiro porque é bonito, depois porque continua actual. Dizer que o filme é horrível porque vai certamente buscar a sua inspiração ao Fellini, é como dizer que o Husbands and Wives do Woody Allen (1992) não tem qualquer valor porque faz lembrar o Cenas da Vida Conjugal do Bergman (1973), que o Woody Allen tanto admira. Os críticos internacionais parecem ter gostado - tem um metascore no IMDb de 86 e várias nomeações para diferentes prémios, mas os críticos portugueses sabem de certeza melhor. Os maiores.
23 fevereiro 2014
21 de Dezembro de 2013
Quando falam da felicidade e benção que é estar grávida, devem estar a referir-se a dias como este. Quando se passa um mês de cama, ganha-se medo ao sonho. Durante anos vi doentes a quem diagnostiquei problemas graves e depois mandei para casa para reavaliar dali a um mês. Pensei muito neles enquanto estive deitada. Um mês para mim como médica nunca demorou mais do que um dia a passar. Mas como doente durou uma eternidade. Não foram as horas a olhar para o tecto e para as paredes. Nem tão pouco a solidão e a dependência. Teria suportado tudo isso bem, se não fosse o medo de o perder e a memória recente desse sentimento horrível de sonho desfeito ainda tão presente em mim. Depois chegou um dia em que estava tudo bem. E num abrir e fechar de olhos, porque o tempo agora acelerou outra vez, ele começou a crescer e a fazer-se sentir e surgiram dias como este.
Recentemente vistos...
Inside Llewyn Davis, Ethan e Joel Coen (2013). Depois de um mês de cama e dois de repouso em que o meu perímetro de circulação não ultrapassava as fronteiras cá do bairro, este filme marcou o meu regresso à sala de cinema, como espectadora, claro. Penso que não podia ter escolhido filme mais nostálgico, querido, urbano-depressivo e ao mesmo tempo cómico para este regresso. Adorei!
Da Vida das Marionetes (Aus dem Leben Marionetten), Igmar Bergman (1980). Está a decorrer um ciclo de cinema do Bergman no Nimas. A maior parte do filmes que vi dele, vi durante os meus tempos de faculdade em cassetes VHS que os meus pais gravavam a partir da televisão e que eu arrumava obsessivamente por ordem alfabética na prateleira de cima do armário. Este filme é um pouco diferente, filmado em alemão e sem a Liv Ullman. É também bastante sinistro, mas gostei. Além disso, gostei de rever o cinema em si, o próprio Nimas, onde já não ia há anos e que, por este andar, irá ser o próximo a fechar... Felizmente estava cheio.
12 Years a Slave, Steve McQueen (2013), o mesmo realizador de Hunger (2008) e Shame (2011). Adorei os três filmes e este em particular.
Dallas Buyers Club, Jean-Marc Vallée (2013). Gostei. Não conhecia este realizador. Eu sei que não é muito original dizer isto, mas realmente as interpretações do Mathew McConaughey e do Jared Leto são impressionantes e isto mesmo sem contar com a transformação física a que se sujeitaram.
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