Camille Claudel 1915, de Bruno Dumont (2013). Fiquei com sentimentos ambíguos em relação ao filme. É sempre maravilhoso ver a Juliette Binoche no grande ecrã e o filme transmite bem a sensação de vazio e claustrofobia que Camille Claudel deve ter sentido durante o seu internamento ad eternum no asilo. Mas vazio é sempre vazio.
17 julho 2013
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Lore, da realizadora australiana Cate Shortland (2012). Tudo foi fácil na minha adolescência e por isso cresci devagar, sem pressa. Tao devagar que, no final da faculdade, parecia ainda uma criança na atitude, linguagem, pensamentos, sonhos e ilusões. E ainda hoje não estou muito diferente. A opinião dos meus pais nunca destoou da minha. Desde os 18 que cruzo o mesmo quadrado do que eles em cada eleição. Nunca amadureci. E se segui alguns dos meus próprios interesses, fi-lo apenas por paixão, nunca por maturidade. Uma personalidade diferente, característica de irmã mais velha por exemplo, teria determinado um tipo de crescimento diferente, mas eu sou o bebé da família ('it happens, so'...) cronologicamente e por feitio. Quando finalmente me deparei com as primeiras frustrações e obstáculos, já era demasiado tarde: sempre fui irremediavelmente infantil. Ainda que olhe agora para os internos mais novos e os ache desesperadamente jovens, a verdade é que ainda hoje o meu discurso é ingénuo e os meus pensamentos superficiais. As tragédias que vivi limitaram-se àquelas escritas e interpretadas por mim dentro das quatro paredes do meu quarto. É óbvio que uma adolescência perturbada condiciona um sofrimento que não desejo a ninguém, mas é também (potencialmente) geradora de pessoas muito mais interessantes do que eu. Não é bom nem mau. É como é. Em Lore assistimos ao desabrochar de uma adolescente na adversidade, do ponto de vista intelectual, emocional e sexual. E o filme é lindo. Fiquei ainda com curiosidade de ver a primeira longa metragem para cinema desta realizadora, Somersault (2004), também sobre um final de adolescência perturbado por motivos bem diferentes dos de Lore.
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