24 abril 2013
Quando éramos adolescentes e não paravam de chover telefonemas lá em casa para a minha irmã, mesmo assim ela conseguia convencer-me que um dia eu seria popular e teria muitos amigos e pretendentes. Esta conversa fazia parte dos temas preferidos da minha irmã e que se destinavam a reforçar a minha autoestima. Essa foi seguramente a razão para eu, até muito tarde, ter uma autoestima desmedidamente grande e em completa dissonância com a realidade. Enquanto a maioria das raparigas bonitas se olhavam ao espelho e se viam gordas ou feias, eu, mesmo que engordasse, via-me sempre magra, bonita e, claro, sem borbulhas. Outro exemplo disso foi a minha paixão arrebatadora de adolescente por um colega de escola. Apesar de não ser minimamente correspondida e de a relação nunca ter passado da brincadeira fascinante que era dar carolos um ao outro, eu acreditava profundamente no seu amor por mim. Claro está que o facto de ele ter tido várias namoradas e de eu nunca ser uma delas era apenas um pequeno pormenor a limar melhor no futuro. Pela altura em que me apercebi da realidade, minha e à minha volta, já tinha uma capa protectora suficientemente fofa para levar pancada emocional durante vários anos e, mesmo assim, sobreviver mais ou menos mentalmente sã a tempo de te conhecer e voltar a ser desmedidamente feliz.
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