23 abril 2013

Não me lembro exactamente quando é que passei de ser uma promessa para ser uma desilusão, mas penso que foi algures durante o internato, ou talvez imediatamente depois. Em rigor, na faculdade já não era nenhuma promessa, mas nessa altura, também não era uma desilusão. A desilusão veio mais tarde, como disse, durante o internato ou imediatamente a seguir. Não quero ser uma desilusão, mas não vejo maneira de ser diferente. Quando se trabalha entre 63 e 68 horas por semana e três fins-de-semana por mês, não há tempo nem motivação para se ser brilhante. Se em pequena, fui uma promessa, isso apenas se deveu ao facto de tudo na altura ser tão fácil para mim: perceber a matéria, ter boas notas, portar-me bem e agradar aos professores. Mas mesmo nessa altura o meu objectivo sempre foi despachar os trabalhos de casa e o estudo para os testes o mais rapidamente possível para poder dedicar o resto da tarde a ouvir discos, ler romances, declamar poesia e simular desmaios e mortes trágicas. Não mudei nada. Não fiquei mais inteligente nem mais burra. O mundo à minha volta é que se tornou muito mais exigente. E eu sem disponibilidade nenhuma em abdicar do que sempre foi verdadeiramente importante para mim. Gostava de saber onde é que os meus colegas vão buscar as suas autoestimas. Deve ser porque não têm o meu chefe...

3 comentários:

Anónimo disse...

Acho que saber isso, o que é verdadeiramente importante, é o mais difícil. Depois é aceitar que não podemos fazer tudo e que o verdadeiramente importante é que é, lá está, verdadeiramente importante. Desilusão serias se fizesses o que os outros quisessem e não o que para ti é importante. Deixa lá o que pensam os outros, és tu que tens de viver com a tua vida *

Sofia disse...

:)

Anónimo disse...

A propósito da tua adenda: há por aí muito ego disfarçado de auto-estima, cuidado ;)