14 junho 2011

O mundo visto por esta janela até nem fica mal, sobretudo à noite, só não dá é para tocar, como um postal ilustrado demasiado longe dos meus dedos. A ponte, a estação de comboios, o estuário do Tejo e lá ao fundo os moinhos, peças de um lego com o qual não se pode brincar. Estou deitada no chão de barriga para baixo, os livros por debaixo dos cotovelos e os olhos colados à janela enquanto penso nisto e eis que levo um pontapé no rabo e estamos de repente ao lado dos moinhos, que ainda agora estavam tão longe. Reparaste? Natalie Merchant, não Marchant, Merchant. Quero dizer-lhe como gosto destes bocadinhos, mas não consigo, da mesma forma que não consigo ir para a cama quando ele não está, horas a fio a olhar para uma televisão que podia nem lá estar. Amanhã mais um dia de estudo, mas sem ele, sem esses bocadinhos, sem os moinhos de repente enormes por cima de nós.

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