Na nossa família não havia médicos. Mas havia um engenheiro agrónomo. Por algum motivo, a minha família nunca sentiu necessidade em distinguir uma coisa da outra. Por isso, durante anos a fio, todos nós seguimos religiosamente os conselhos médicos de um especialista em fruticultura. Um dos conselhos de que me lembro melhor tinha a ver com a água. A água do poço tinha todos os minerais que uma criança precisava de beber para crescer de forma saudável e que um velhote necessitava de beber para poder cair sem partir o colo do fémur. E nós, porque não, bebíamos a água do poço. Como não morremos de um surto de febre tifóide, acabámos por crescer fortes e saudáveis e nunca os nossos avós partiram as pernas. Mas sei que foi nessa altura, nessa mesma altura, que me tornei fã incondicionável da água do Luso.
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