24 março 2011
Na nossa família não havia médicos. Mas havia um engenheiro agrónomo. Por algum motivo, a minha família nunca sentiu necessidade em distinguir uma coisa da outra. Por isso, durante anos a fio, todos nós seguimos religiosamente os conselhos médicos de um especialista em fruticultura. Um dos conselhos de que me lembro melhor tinha a ver com a água. A água do poço tinha todos os minerais que uma criança precisava de beber para crescer de forma saudável e que um velhote necessitava de beber para poder cair sem partir o colo do fémur. E nós, porque não, bebíamos a água do poço. Como não morremos de um surto de febre tifóide, acabámos por crescer fortes e saudáveis e nunca os nossos avós partiram as pernas. Mas sei que foi nessa altura, nessa mesma altura, que me tornei fã incondicionável da água do Luso.
20 março 2011
16 março 2011
12 março 2011
10 março 2011
Esmagador, colocar recordações lado a lado. Não quero colocar nenhuma recordação amarga ao lado destas últimas tão boas. Mas hei de colocar, já sei. E vamos coleccioná-las, recordações boas e más, lado a lado, e esperar que as boas ultrapassem as más ou pelo menos as justifiquem. O amor é fodido. Mas é amor.
Olhou para mim com ar trocista e perguntou: Como é princesinha, eu sei que o filme é bonito, mas tanta lágrima, tanta lágrima... por causa de um gago? É verdade, ando mais sensível ultimamente e identifiquei-me estupidamente com o rei, apesar de não ser rainha, nem princesa e princesinha só nos olhos dele mesmo. A única semelhança entre nós e se calhar mais um milhão de pessoas, é ambos insistirmos em ultrapassar o que nos achamos incapazes de fazer. Vá lá, no caso dele correu bem... Enfim... Para além, disso gostei muito dos cenários. O meu amigo, que é psiquiatra, chamou a atenção para a relação do rei com o psicoterapeuta. Muito bonita, também.
Há crianças que nunca se portam bem. Também há crianças que se portam sempre bem e só porque sim. E depois há crianças que se portam bem porque senão vem o lobo mau e é um sarilho... A minha irmã e eu pertencíamos àquele grupo raro de crianças que se portavam bem porque senão vinha aí o primeiro ministro e depois como é que era? Na verdade, a situação hipotética era colocada de uma forma um pouco diferente e ocorria sobretudo à hora de jantar ou em qualquer altura que requeresse a prática de boas regras de etiqueta. Era mais do género: vocês têm de se portar bem, porque se um dia vem cá o primeiro ministro ou se um dia têm de ir a casa do primeiro ministro, então depois como é que é? Para reforçar a sua teoria, o meu pai dava-nos o exemplo da Manuela Eanes que convidada pela rainha de Inglaterra a ir à ópera, se lembrou de limpar o assento de veludo antes de se sentar. Nós ríamos, mas aquela ideia acabava por fazer efeito. Quem é que queria ser a chacota da nação, no dia em que fôssemos convidadas para ir à ópera pela rainha de Inglaterra? E por isso era fechar a boca enquanto comíamos, não cantar à mesa e sentar com as pernas e as costas direitas, mantendo os cotovelos em baixo onde toda a gente sabe que eles pertencem.
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