Uma conversa com uma amiga sobre um relacionamento disfuncional fez-me pensar nos anos todos em que andei com os sapatos errados. Sapatos largos, sempre a tropeçar. Atacadores desatados, demasiado compridos para dar o laço. Outras vezes andei com sapatos apertados e, às vezes, com sapatos sem sola ou com buracos. O dedo grande do pé a espreitar cá para fora e eu a perguntar porquê aquele frio nos pés. Agora comprei um chapéu de coco e ando descalça e os meus pés estão quentes. Sinto-me livre e o chapéu encaixa na perfeição. Encaixa comigo. Sinto-me sexy e audaz. Fiel ao meu chapéu que me protege da chuva e me aquece o corpo todo de prazer e de conforto. E de encanto. Anos inúteis à procura de sapatos, quando tudo o que precisava era de um chapéu.
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