A minha auto-estima colocada em gráfico tem uma curva irregular. Máxima quando estou com os copos, mínima no dia seguinte. Máxima quando o meu chefe me congratula, mínima quando berra comigo, máxima quando vejo o meu corpo nu ao longe no espelho, mínima quando de perto lhe encontro os defeitos. Máxima quando corro, máxima quando durmo bem, máxima quando os meus sobrinhos encostam a cara deles à minha e dizem Tia, gosto taaaaanto de ti!, máxima quando a cadela me vem oferecer um sapato como prenda de boas vindas. E máxima quando estou com ele. Temos todo o tempo do mundo, porque o ponteiro pára de girar naquelas duas horas antes de ir para a cama. Pára de girar e a curva fica lá em cima, em plateau, suspensa no nosso amor.
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